domingo, 14 de fevereiro de 2016

A necessidade e a vontade de escrever;

Senhor promotor,

Tenho dois filhos menores com meu ex-esposo. Durante os últimos três anos, minha mãe cuidou deles para que eu concluísse a faculdade de Direito e para que fosse aprovada no exame de Ordem. No processo de divórcio, ficou acordado que meu ex-marido pagasse 272  reais de obrigação alimentar, em decorrência de estar desempregado.  Em decorrência de ele atrasar sucessivamente o pagamento, precisei acionar a defensoria pública para que este valor fosse descontado da folha de pagamento e depositado em conta corrente. Além desse dinheiro mensal, ele não contribuiu com nada mais, mesmo em caso de doença, de matrícula, presentes em datas comemorativas, ou outra coisa qualquer. Ficou ainda acordado que o pai deveria buscá-los em fins de semana alternados para passarem os fins de semana com o pai. Esta obrigação nunca fora cumprida. Eu, por sua vez, costumava visitá-los a cada quinze dias e mantinha contato por telefone, inclusive com as escolas, em caso de intercorrências. Comprava-lhes roupas, estabelecia regras sociais, atentava para a educação, alimentação e todas as outras coisas que eram pertinentes.
NO final do ano passado, as crianças vieram passar o período de férias escolares e a minha tia, que disponibilizava seu tempo para cuidar deles, adoeceu de uma séria crise de cálculo na vesícula, ademais, minha mãe não viu sentido em mantê-los lá, já que os pais moram aqui. Tentei, por todos os meios, fazê-la ficar com eles por mais um ano, apesar de achar desfundada a hipótese. Durante as férias, ARtur, pedia-me que os deixasse morar aqui, incentivado pelo pai. Eu fiquei preocupada com o desenvolvimento de uma possível consequencia psicossomática no caso de voltarem para Morada Nova. Por esta razão, conversei com o pai deles, que exigiu que eu tomasse responsabilidade de mãe, que criasse um ambiente para eles na minha casa. Eu não entendi o porquê de um homem de 28 anos que tem quatro filhos com mulheres diferentes, que paga ínfimos 272 reais de pensão para dois dos filhos menores e que negligenciou as visitações durante três anos, se achar no direito de me chamar de irresponsável e imatura, mas, preferi não dar prosseguimento à discussão, e levando-se em conta ás ofensas a que estou sujeita a receber e ao meu temperamento explosivo, achei mais saudável trazer a situação ao Senhor Promotor de Justiça. Ante a minha situação financeira, expus que não tenho condições de pagar um salário a uma babá, que é o valor que a lei exige, e, ao invés de se dispor a me ajudar financeiramente, já que agora ele presta serviço na Prefeitura de Saboeiro e estagia na Justiça do Trabalho, disse-me que eu fizesse sacrifício, isentando-se ele de quaisquer responsabilidades. Passado o carnaval e esgotadas as possibilidades de minha mãe ficar com as crianças, matriculei-os em uma escola próxima à minha casa. Sabendo da matrícula, a mãe dele, que não trabalha, disse que não ficaria com os meninos no período da tarde e que este era um problmea que nós deveríamos resolver sozinhos, e salientou que a mulher dele não tem obrigação com as crianças e que eu tenho que arranjar uma empregada. Esta resposta me indignou tendo em vista que eu sou sozinha na cidade não contando com familiar ou quaisquer pessoas. Ele, entretanto, dispõe de duas casas e de diversos familiares. Lamentavelmente, as crianças gostam de estar na casa dos avós e na casa do pai, já que, nesta última, moram os filhos da madrasta que também são crianças. Clara, a filha do meio, tem idade próxima à da Marina e esta gosta de estar em sua companhia. Artur, que está em uma fase onde a presença do pai é fundamental, gosta de estar na companhia deste que disponibiliza o celular e joga com ele. Digo, lamentavelmente, porque sinto o comportamento da mãe e da madrasta como que empurrando-os de uma para outra o que me dá a impressão de serem indesejáveis em ambas as casas, e que por mais que eu lhes diga que eles não saõ bem-vindos lá, eles não compreendem e acham que eu os estou proibindo injustificadamente.
       No dia seguinte, ela que disse que nós deveríamos resolver os problema sozinhos, enviou uma mocinha para a minha casa, sem entretanto, ter se disponibilizado a pagar a moça. Bem, ouvi de uma amiga que ele está mal acostumado a não assumir responsabilidades, já que, durante meus anos de casada, minha mãe arcou com a provisão da casa, além de parto e etc. O fato é que, conforme estabelece o Código Civil, e acredito que ele tenha conhecimento, já que ele é estudante de direito, a responsabilidade pelos filhos é de ambos os pais, e, estando ele e sua família a esquivar-se dos cuidados durante os meu período de trabalho,
A responsabilidade dos pais é dever irrenunciável. Essa prerrogativa leva em conta a vulnerabilidade da criança e do adolescente, seres em desenvolvimento que merecem tratamento especial. Nesse sentido, o ordenamento jurídico brasileiro atribui aos pais certos deveres, em virtude do exercício do poder familiar.
A Constituição Federal, em seu artigo 227, atribui à família o dever de educar, bem como o dever de convivência e o respeito à dignidade dos filhos, devendo esta sempre primar pelo desenvolvimento saudável do menor. O artigo 229 da Constituição Federal, também atribui aos pais o dever de assistir, criar e educar os filhos.
Ademais, a Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), evidenciam a existência de deveres intrínsecos ao poder familiar, conferindo aos pais obrigações não somente do ponto de vista material, mas especialmente afetivas, morais e psíquicas. Já o artigo 3º do ECA preceitua que toda criança e adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, a fim de lhes proporcionar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
A Lei 10.406/2002, o atual Código Civil brasileiro (CCB), em seu artigo 1.634, impõe entre os deveres conjugais, o de sustento, criação, guarda, companhia e educação dos filhos (1.566, IV). Já os artigos 1.583 a 1.590, do mesmo diploma, preceituam sobre a proteção dos filhos em caso de rompimento da sociedade conjugal.
, venho, em nome das crianças, que neste caso, encontram-se em situação de risco, apelar para o Ministério Público, pois, preciso de uma postura dele como co-responsável, já que ele nunca assumiu uma postura real de provedor. Portanto, peço o aumento do valor da pensão para que eu possa arcar com a despesa da babá, escola, material escolar, fardamento, alimentação e o que mais seja necessário, me disponibilizando, claro, a arcar com a metade de tudo. Entendo que, estabelecer uma pensão de 300 reais, seja insuficiente, inclusive, porque, quem precisa cobrir as demais despesas serei eu, e, não preciso mencionar que o gasto é muitíssimo superior a este. Entendo, inclusive, que não sendo possível que ele arque com as despesas, estenda-se a responsabilidade de alimentos aos avós por meio de Ação de alimentos avoengos, caso, claro, ninguém da família esteja disponível a acompanhar as crianças durante o período da tarde, Tenho absoluta ideia da minha responsabilidade e tenho da dele também, portanto, não o isento dela.
                   

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Terça feira triste.

Hoje é terça feira de carnaval. Queria que hoje fosse terça como as outras. Não haverá treino e, talvez, não tenha sushi. Se tiver, será alegria. Esses dias estou um pouco angustiada, apesar da alegria de ontem. Do êxtase, para ser mais específica. Mas, não quero uma vida de sofrimento e prefiro empurrar angústia para um lugar bem longe de mim.  Ontem foi segunda dia de massagem. Foi daqueles dias como comida bem temperada, sabe. Daquelas comidas que você sente o sabor do tempero depois. Ainda estou com o sabor do tempero. O outros dias foram de gordices e Saga crepúsculo. Eu adoro. Adoro aqueles personagens, e já os conheço tanto, que quase sou íntima.
Até uma feliz quinta feira, mas queria que todos os dias fossem terça feira dia de karatê, de sushi, de caminho das Indias e de José do Egito. Puxa, como eu seria feliz todos os dias da semana.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

IBGE/Casa Grande e Senzala

Não vou poder iniciar o post agora, mas gostaria de iniciar um projeto de postagens voltadas ao social, à educação das crianças, etc. Estive conversando com uma colega de trabalho acerca de uns acontecimentos que ocorreram dentro do nosso ambiente de trabalho e ela fez menção sobre o título do livro de Gilberto Freire. Me lembrei também de um filme muito comentado por Nayane," Que horas ela volta? " Como é um assunto muito denso, vou deixá-lo para outra ocasião. Desde já, quero deixar claro que eu amo meu trabalho, amo a Instituição, apesar das situações que exporei. Amo meu chefe também, mas isso não faz dele perfeito ou o fato de ser perfeito também não faria com que eu o amasse. Como me disse uma prima: Se a gente so gostasse de quem não tem defeito, ninguém gostaria de ninguém.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Apreciação

Hoje é terça e, apesar de não ter ido comer sushi, foi minha terça feira. Andei três quilômetros até a academia, e enquanto caminhava, o vi passar de moto. Reconheci o jeito, a mochila camuflada e o capacete rosa. Senti  alegria, mas, infelizmente, não estava de quimono. Assim que cheguei vi minha bicicleta. Eu poderia apenas ter dado um suspiro de alívio por a não terem roubado, mas, preciso sentir alegrias e eu quis dar àquele momento o meu melhor, a minha alma inteira. Sorri o meu melhor sorriso, porque desde sexta eu não a via. “ Amar é apreciar” e eu apreciei aquele momento, aquela visão. Me senti, novamente, um cavalheiro de armadura.  Ele me cumprimentou. Qualquer coisa que ele me diga, me deixa em êxtase. Uma sensação leve, mas uma sensação toda minha, toda completa. Enquanto ele foi tomar banho, peguei a bola de pilates e me alonguei o quanto pude. Sempre relaxo bastante e isso me faz feliz. Além disso, ele havia me dito que adora me ver me alongando e eu não quis perder a oportunidade de encher-lhe os olhos. O treino começou. Sentei em um pneu para assistir. Eu estava sem kimono, suada, não havia me preparado física e emocionalmente para aquele momento, então, preferi apreciar. Amar é apreciar.
Foram tantos dias esperando por aquele momento, e se eu treinasse, não poderia ouvir todos os timbres da voz dele, não poderia acompanhar seus passos nem vislumbrar toda a energia que ele emana para mim. Ele faz todos os elétrons do meu corpo passearem por dentro dele. Por boba que eu pareça, aprendi que, se alguém me faz feliz, quem ganha sou eu. Eu aprendi que para ser feliz é preciso apaixonar-se pela vida, apaixonar-se por tudo o que a vida me deu gratuitamente. Se eu me olho no espelho, eu sei que eu emano paixão. Eu me apaixonei por aquele momento.
 Em um momento, sentada no pneu de caminhão, ele olhou para mim com aquele olhar incisivo que parece que mergulha na minha alma. Eu absorvi todo o brilho daquele olhar, eu aproveitei para sentir paixão por aquele momento, dei-lhe, então, meu olhar com toda paixão que fui capaz. Entreguei minha alma naquela atitude, porque assim, eu pude sentir toda a alegria que aquele momento era capaz de me dar. Minha nossa! Pouca coisa me fez tão feliz, mas saiba: eu quis sentir tudo aquilo. Eu dei o meu melhor sorriso para o momento em que vi minha bicicleta porque eu sou apaixonada por ela, apesar de tê-la comprado por noventa reais. Eu sei, e mais ninguém sabe, a delicadeza que é sentir o vento no meu rosto quando ando montada nela. 
Quando começaram as técnicas de kihom, apaixonada por karate que sou, eu, sempre apaixonada, fui corrigir Marcelinho. Eu tinha tudo para ser feliz naquele momento: o som da voz dele, o Marcelinho, que é lindo, ensiná-lo e karate. Quando Marcelinho sorriu, com aquele sorrisinho lindo, eu me senti apaixonada pelo sorriso dele. Eu apreciei aquilo enormemente, porque Marcelinho, aprendendo comigo, fazia com que e me sentisse importante. Daqui a pouco, lá estava meu sensei pedindo para eu passar golpes para o pequeno. Me senti importante duas vezes. Aquela hora de treino acabou instantaneamente, mas fui feliz por uma hora. Aquela hora valeu a pena, minha vida valeu a pena naquela hora. Encontrei o valor da vida. Viver é apaixonar-se por ela e pela graças que Deus, através dela, nos dá gratuitamente.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Uma cadeira na varanda

Era noite. No Hotel Jangadeiro tinha uma espécie de varanda feita de madeira marrom. Todo mundo estava por aí: jogando vôlei, na piscina, sinuca, ou no Bar da Joana. rsrsrs. Eu e Mateus: uma cadeira na dita varanda. Sentei no colo dele, encostei a cabeça no ombro dele e me lembro exatamente o que eu falei: "Mateus, se eu pudesse guardaria esse momento em uma caixa. Olha como ele é especial: Nós dois aqui, o som do mar, o céu, esse vento." Quase completei: o mar está aí e eu não estou molhada ou suja de sal, que alegria!!! No colo dele eu estava protegida, aquecida, bem cuidada. Meu pensamento era só aquilo. Ele não era a pessoa mais importante da minha vida, mas eu extraí daquele momento a felicidade completa. Aquele era o meu momento. Consigo me lembrar tão nitidamente dele, que parece uma fotografia. Uma fotografia bela. Dizem que um corpo bonito é aquele que tem uma pessoa feliz dentro. Naquela fotografia, eu estava linda.
 Outra noite pós treinamento, deitamos em uma rede na varanda. Me lembro que estava de calcinha de renda preta e uma sainha. A pessoa desceu do quarto pronta para o crime. Eu saí a vilã. A gente brincou com isso. Ninguém sai de calcinha de renda preta para não mostrar né? Honestamente, o preto é a cor mais sensual e renda, não existe mais linda. Aquelas rosas pretas criando pudor e nudez, deixando a pele um pouco coberta, um pouco exposta. Se eu escolher uma calcinha como presente, será essa. Aliás, uma coisa que ensinarei ao meu filho : Dê calcinha de presente. Como vendo lingeries, sempre empurro uma para meu irmão dar à noiva.  Nas outras culturas, as mães orientam os filhos a como se comportarem com uma mulher. Acho que por isso, temos péssimos amantes. Quem orienta nossos filhos são os pais, e claro, eles os ensinam a se satisfazem. Está aí o resultado.
      Um dia, cheguei na casa da minha ex sogra e o primo do meu filho, de seis anos, que nem é muito bonito, me interrompeu e disse: Artur, olha como sua mãe está linda hoje. Eu pensei: "Se Artur não se cuidar, vai perder as namoradas para o primo. E, sinceramente, é justo." Chamei o pai dele e disse: Diego, esse teu filho é ganhão!
       De volta para a rede: Mateus saiu da rede e ficou balançando-a. César passou e disse: Olha o besta o que é que está fazendo. Eu, que fingia dormir, abri os olhos e disse: Mateus, o povo já pensa que eu faço o que quero contigo, aí vê você fazer isso, vai ter certeza.
      Bom, esses são os alfarrábios dessa viagem dupla. Aprendam: Um homem com um vinho e duas taças, merece um texto.




A viagem, uma jangada

Mais uma noite em que eu não contive meus impulsos. Antes eu achava que era fraqueza, agora eu chamo minha chatice de seleção. Preciso selecionar um HOMEM porque o meu tempo é valioso. Além disso, impulsiva sou eu. Eu não vou mais aceitar que alguém me diga que não deu certo porque eu peguei no pé. O CERTO dará certo. Enfim, fui conversar com Mateus, porque eu gosto muito de ter amigos homens, aliás, apesar de uns sacanas como amantes, homens são bons motoristas, bons médicos, bons professores e bons amigos também. Tenho uma coleção de amigos-ex-amores. Pensei em escrever amantes, mas é pejorativo. Amores, eles eram, por pouco ou muito dias, meus amores. Merecendo ou não eu os amei pelo "infinito enquanto dure" e eles foram importantes para mim, e o são, pelo que eu aprendi a ser. Meus amores foram como viajar. Você descobre mundos e mundos, e quando cansa da viagem, procura uma viagem nova. Na maioria das vezes, os mundos me deportam de volta, mas, eu sei que sentem falta depois... rsrsrs. A Ana Beatriz Barbosa e Silva, que eu admiro enormemente, e que por uma postagem no face, descobri que é ariana, publicou uma frase muito eu: muito essa minha filosofia de se doar com tudo: "Deixe sua alma em tudo que fizer, para quando chegar o dia da despedida final a vida fale de ti com os olhos marejados de saudades.". Sou bem assim. Deixo a minha alma em tudo, inclusive nas páginas desse blogger. 
Bem, depois de tanto chatear, VSQ (Você sabe quem), deixei-o (é bem o termo) dormir e fui conversar com Mateus. Falei para ele que iria escrever sobre nós. As boas lembranças precisam ser escritas, guardadas. As coisas boas, devem ser relembradas, repetidas. As ruins, a gente vai esquecendo e faz de conta que são páginas de um livro velho, então, entregamos às traças. Bem, queria saber de Mateus, se o VSQ de agora gosta de mim, porque- falei para ele- "eu só gosto de quem gosta de mim, eu não desperdiço meu amor com quem não quer. Se ele disser que não gosta eu esqueço em três dias". E é verdade. Eu encaro a pessoa como um vício e a minha tristeza como crise de abstinência. E primeira coisa. Engulo o orgulho. Todo mundo pode levar fora, eu já dei "foras", e estou levando um agorinha mesmo. Frustração? Ai, a dor é incomensurável, não tenho como lhe descrever o quanto, mas, afinal de contas: ninguém morreu, eu não perdi o emprego, tem dinheiro na minha conta, meus filhos estão ótimos, perfeitos e saudáveis. A viagem apenas acabou, e eu ainda quero ser juíza. Poderia ser pior, viu. Eu poderia estar casada com um purgante que ligaria a luz na minha cara enquanto eu estivesse dormindo e ainda teria que "abrir as pernas" sem vontade para manter um casamento de fachada. De tanto as coisas irem saindo da minha vida, fui aprendendo com o jogo do contente da Pollyanna. Nayane, sugestão de livro para Larinha, e para Marina também. 
   Bem, voltando para Mateus. Foi em 2013. Eu namorava Leonardo, e gostava um bocado. Ele não era muito bonito, mas fazia eu me sentir a mulher, e eu, achava que ele era um homem até descobrir uma traição. Bem, joguei o celular dele na parede e blá, blá, blá... Depois, a gente voltou e dias depois, acabou por telefone. Chorei a noite inteira, cheguei ao IBGE com o olho do tamanho de uma ervilha. Lembro de ter dito a Camila: "Chorei ontem, porque quando eu chegar ao treinamento eu quero estar linda". E fui para o treinamento. Vez ou outra eu ligava para ele. O fato é que coloquei as melhores roupas na mala, lente de contato, chapinha e tudo. Minha casa cinco é em leão, então, quando eu vou, vou com tudo. Aí, sabe, né. Os antigos do IBGE, passando dos cinquenta, sem esposa por perto, aproveitam para cantar as meninas para se sentirem viris. Acho isso entojante, mas prefiro narrar superficialmente a circunstância. Dia de abertura, olhei a sala inteira tal como uma caçadora. Não vi nada que me interessasse. No dia seguinte, pela manhã, vi aquela coisa linda. Lá estava Mateus. Dificilmente eu me encanto por alguém que se encanta por mim também, mas, aconteceu. Eu só me lembro de ter passado dias ligando para Leonardo e quando, enfim, eu percebi que poderia rolar alguma coisa com Mateus, pensei "rapaz, quer saber, eu estou namorando só. Leo fez a escolha dele". O meu medo era voltar para Leonardo e ter que contar que eu tinha ficado com outro. Porque, contar, eu contaria, com certeza. Então, era a hora de decidir e de romper todos os laços, era hora de voltar da viagem Leonardo. Viajei para Mateus. Mateus chegou com taças de vinho. Aquele era o lugar perfeito, o romantismo perfeito e eu transformaria Mateus no home perfeito daquele momento. Ele foi. Era quarta à noite e eu odeio praia, mas tinha a noite, as estrelas, a lua, o céu, o som do mar, e eu gosto de tudo isso. E por aqueles dias, Mateus foi a melhor coisa do mundo, ele foi o homem perfeito, no lugar perfeito. Ele foi a viagem incrível. Um home que chega com vinho e duas taças, merece um texto!!! 
  Como eu disse antes, sexo é a última coisa para uma mulher como eu. Eu encaro como o prêmio que eu dou quando é merecido, a primeira vez que a gente inventou de fazer, foi tal qual a viagem Mateus: romântica, única. Foi na areia da praia, ao lado de uma jangada, perto do mar. E o que eu mais gostei naquilo? Mateus limpando minhas costas cheias de areia. 
      Mas, a prévia foi cruel. Mateus ligou para a farmácia para pedir preservativo e pediu sais de Eno junto, para disfarçar. Quem recebeu foi o Canário, nosso supervisor. Fui ao outro mundo de vergonha.  Mas, sei lá, aquela altura, todo mundo já devia achar que já tinha acontecido. Acho que só aconteceu na sexta. Fiquei com vergonha mesmo assim.
   Durante o treinamento, a gente ficava perto, mas mantinha a postura, afinal, aquilo era trabalho. Isso deixava tudo mais envolvente. Me lembro de ele me seguindo, pegando no meu cabelo e me chamando de Morena. Quando eu acordava, voava para o restaurante. Ele era o último a chegar, mas sentava na mesa que eu estivesse, ainda que fosse no lado oposto ao meu. Vez ou outra eu sentia uma menina cercando-o, e eu, a territorialista, ficava louca. Ele sempre estava por perto. Almoçava comigo, brincava na piscina só comigo e era só meu. Do jeito que o meu egoísmo gosta. Meu, meu e meu.
PS do Mateus (ele está me ajudando no texto). Estava rolando felicidade do Jeneci no meu note.