quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Apreciação

Hoje é terça e, apesar de não ter ido comer sushi, foi minha terça feira. Andei três quilômetros até a academia, e enquanto caminhava, o vi passar de moto. Reconheci o jeito, a mochila camuflada e o capacete rosa. Senti  alegria, mas, infelizmente, não estava de quimono. Assim que cheguei vi minha bicicleta. Eu poderia apenas ter dado um suspiro de alívio por a não terem roubado, mas, preciso sentir alegrias e eu quis dar àquele momento o meu melhor, a minha alma inteira. Sorri o meu melhor sorriso, porque desde sexta eu não a via. “ Amar é apreciar” e eu apreciei aquele momento, aquela visão. Me senti, novamente, um cavalheiro de armadura.  Ele me cumprimentou. Qualquer coisa que ele me diga, me deixa em êxtase. Uma sensação leve, mas uma sensação toda minha, toda completa. Enquanto ele foi tomar banho, peguei a bola de pilates e me alonguei o quanto pude. Sempre relaxo bastante e isso me faz feliz. Além disso, ele havia me dito que adora me ver me alongando e eu não quis perder a oportunidade de encher-lhe os olhos. O treino começou. Sentei em um pneu para assistir. Eu estava sem kimono, suada, não havia me preparado física e emocionalmente para aquele momento, então, preferi apreciar. Amar é apreciar.
Foram tantos dias esperando por aquele momento, e se eu treinasse, não poderia ouvir todos os timbres da voz dele, não poderia acompanhar seus passos nem vislumbrar toda a energia que ele emana para mim. Ele faz todos os elétrons do meu corpo passearem por dentro dele. Por boba que eu pareça, aprendi que, se alguém me faz feliz, quem ganha sou eu. Eu aprendi que para ser feliz é preciso apaixonar-se pela vida, apaixonar-se por tudo o que a vida me deu gratuitamente. Se eu me olho no espelho, eu sei que eu emano paixão. Eu me apaixonei por aquele momento.
 Em um momento, sentada no pneu de caminhão, ele olhou para mim com aquele olhar incisivo que parece que mergulha na minha alma. Eu absorvi todo o brilho daquele olhar, eu aproveitei para sentir paixão por aquele momento, dei-lhe, então, meu olhar com toda paixão que fui capaz. Entreguei minha alma naquela atitude, porque assim, eu pude sentir toda a alegria que aquele momento era capaz de me dar. Minha nossa! Pouca coisa me fez tão feliz, mas saiba: eu quis sentir tudo aquilo. Eu dei o meu melhor sorriso para o momento em que vi minha bicicleta porque eu sou apaixonada por ela, apesar de tê-la comprado por noventa reais. Eu sei, e mais ninguém sabe, a delicadeza que é sentir o vento no meu rosto quando ando montada nela. 
Quando começaram as técnicas de kihom, apaixonada por karate que sou, eu, sempre apaixonada, fui corrigir Marcelinho. Eu tinha tudo para ser feliz naquele momento: o som da voz dele, o Marcelinho, que é lindo, ensiná-lo e karate. Quando Marcelinho sorriu, com aquele sorrisinho lindo, eu me senti apaixonada pelo sorriso dele. Eu apreciei aquilo enormemente, porque Marcelinho, aprendendo comigo, fazia com que e me sentisse importante. Daqui a pouco, lá estava meu sensei pedindo para eu passar golpes para o pequeno. Me senti importante duas vezes. Aquela hora de treino acabou instantaneamente, mas fui feliz por uma hora. Aquela hora valeu a pena, minha vida valeu a pena naquela hora. Encontrei o valor da vida. Viver é apaixonar-se por ela e pela graças que Deus, através dela, nos dá gratuitamente.

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