domingo, 17 de julho de 2016

Sábado e o amor inteligente

Acordei. Ah, se fosse quase nove, hoje não daria para ir para a Escola Sabatina. O que importa o que pensem. Eu não me importo com a opinião de ninguém quando quero fazer algo errado, porque hei de me importar para fazer algo certo? Também pensei: puxa, Dálleth, você não precisa trabalhar sábado, sua Igreja fica a dois quarteirões de casa. Deus vai te cobrar isso. Voei para casa, vesti o vestido de quarenta reais super  comportado e super confortável que vesti durante a semana inteira e decidi estrear o scarpin novo da Dakota que ainda estava dentro de saquinhos. O scarpin super  desejado era o calçado certo para ser estreado em um culto. Lembrei-me de Maíza Ribeiro falando sobre os sábados, em que ela ía com a roupa mais bonita para a Igreja, e que ela tinha 'as roupas de sábado". Eu quero que minha filha tenha “As roupas de Sábado”, e eu já estou separando também essas roupas para mim.  Saí ainda de cabelo molhado. Não estava uma crente cafona. Estava uma crente elegante. Tenho uma amiga que me provou que usar saia e blusa de manga é um estilo elegante. Ela ía assim para os cultos. Ela me mostrou  que andar bem coberta não é sinal de velhice, mas sim de finese, de classe, de educação e de polidez. E hoje, mesmo quando eu não vou para o culto, me visto assim e é assim que gosto que minha filha se vista. Um projetinho de Dálleth, mas melhorada.  Nos últimos cultos que frequentara, me aborreci cedo, mas hoje não. Na noite anterior, antes de dormir, eu não só sonhei com os projetos que queria realizar, mas pedi-os a Deus, e na hora do culto, foi como se Deus me dissesse: “Pronto, isso aqui é o que você precisa fazer”. Ah, Senhor, entendi. Eu sabia que estava faltando alguma coisa para ser feita por mim -logo, quando tudo se realizar- contarei.  Na noite anterior, acabei chorando no divã do Deus. É assim, quando você começa a orar e acaba chorando, sem saber direito o porquê.
Acabou a historinha do “Eu posso tudo”. A vida me mostrou, amargamente, que eu posso poucas coisas. Por esta razão, eu digo aos meus filhos as coisas que eles não podem fazer. Criar um filho de forma indisciplinada é uma atitude muito cruel para com os filhos. Digamos que seja um tipo de amor burro. Disciplinar é um amor inteligente.
No fim de semana em que eu fui para Morada Nova, Marina me perguntou quando eu comecei a educá-la. Marina tem "umas perguntas". Ela tem  consciência de que algumas atitudes minhas não são falta de amor, mas sim de um sistema racional de lidar com eles. Eu respondi que eu comecei desde que ela era bebê. É verdade, com um ano e meio, quando eu a chamava, contava até três. Eu nunca precisei espancá-la e bati muito pouco. Para falar a verdade, eu bati muito mais por descontrole do que por ineficácia dos métodos. 
Mesmo Artur, que é mais mimado (Não por mim), me surpreende. No culto, ele saiu da salinha das crianças. Eu o vi passar pelos arredores do templo. Quando ele percebeu que eu levantara, correu de volta para o lugar em que o deixei. Pouco depois, saiu novamente. Eu não precisei dizer nada. Peguei-o pelo braço, sentei-o no banco ao meu lado, e apesar de deitar e rolar no banco, não se atreveu a dizer nada. A forma como os pais observavam aquilo, me mostrou que eles estavam surpresos com o comportamento deles, já que, com minha mãe, é um pouco diferente. Marina sequer saiu da salinha. Ela é “sage”.

Quando a olhava de longe, sentia orgulho em vê-la bem arrumada. Ela estreou um sapato novo também, além de um vestido que mandara fazer. Foi ainda com um laço vermelho enorme no alto da cabeça que iniciava uma trança fake. Eu olhava e pensava, é esse o estilo de vida que quero que ela tenha. Um estilo de vida que eu não aceitei, mas que eu sei que teria sido o melhor. Educação é como nome, é escolha de seus pais, mas aquele que você gostaria de ter, você só poderá dar aos seus filhos, nunca a si. 

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