Acordei. Ah, se fosse quase nove, hoje não daria para ir
para a Escola Sabatina. O que importa o que pensem. Eu não me importo com a
opinião de ninguém quando quero fazer algo errado, porque hei de me importar
para fazer algo certo? Também pensei: puxa, Dálleth, você não precisa trabalhar
sábado, sua Igreja fica a dois quarteirões de casa. Deus vai te cobrar isso.
Voei para casa, vesti o vestido de quarenta reais super comportado e super confortável que vesti
durante a semana inteira e decidi estrear o scarpin novo da Dakota que ainda
estava dentro de saquinhos. O scarpin super desejado era o calçado certo para ser estreado
em um culto. Lembrei-me de Maíza Ribeiro falando sobre os sábados, em que ela ía
com a roupa mais bonita para a Igreja, e que ela tinha 'as roupas de sábado". Eu quero que
minha filha tenha “As roupas de Sábado”, e eu já estou separando também essas
roupas para mim. Saí ainda de cabelo
molhado. Não estava uma crente cafona. Estava uma crente elegante. Tenho uma
amiga que me provou que usar saia e blusa de manga é um estilo elegante. Ela ía
assim para os cultos. Ela me mostrou que
andar bem coberta não é sinal de velhice, mas sim de finese, de classe, de
educação e de polidez. E hoje, mesmo quando eu não vou para o culto, me visto
assim e é assim que gosto que minha filha se vista. Um projetinho de Dálleth,
mas melhorada. Nos últimos cultos que
frequentara, me aborreci cedo, mas hoje não. Na noite anterior, antes de
dormir, eu não só sonhei com os projetos que queria realizar, mas pedi-os a
Deus, e na hora do culto, foi como se Deus me dissesse: “Pronto, isso aqui é o
que você precisa fazer”. Ah, Senhor, entendi. Eu sabia que estava faltando alguma
coisa para ser feita por mim -logo, quando tudo se realizar- contarei. Na noite anterior, acabei chorando no divã do
Deus. É assim, quando você começa a orar e acaba chorando, sem saber direito o
porquê.
Acabou a historinha do “Eu posso tudo”. A vida me mostrou,
amargamente, que eu posso poucas coisas. Por esta razão, eu digo aos meus
filhos as coisas que eles não podem fazer. Criar um filho de forma
indisciplinada é uma atitude muito cruel para com os filhos. Digamos que seja
um tipo de amor burro. Disciplinar é um amor inteligente.
No fim de semana em que eu fui para Morada Nova, Marina me
perguntou quando eu comecei a educá-la. Marina tem "umas perguntas". Ela tem consciência de que algumas atitudes minhas não
são falta de amor, mas sim de um sistema racional de lidar com eles. Eu
respondi que eu comecei desde que ela era bebê. É verdade, com um ano e meio,
quando eu a chamava, contava até três. Eu nunca precisei espancá-la e bati
muito pouco. Para falar a verdade, eu bati muito mais por descontrole do que
por ineficácia dos métodos.
Mesmo Artur, que é mais mimado (Não por mim), me surpreende.
No culto, ele saiu da salinha das crianças. Eu o vi passar pelos arredores do
templo. Quando ele percebeu que eu levantara, correu de volta para o lugar em
que o deixei. Pouco depois, saiu novamente. Eu não precisei dizer nada.
Peguei-o pelo braço, sentei-o no banco ao meu lado, e apesar de deitar e rolar
no banco, não se atreveu a dizer nada. A forma como os pais observavam aquilo,
me mostrou que eles estavam surpresos com o comportamento deles, já que, com
minha mãe, é um pouco diferente. Marina sequer saiu da salinha. Ela é “sage”.
Quando a olhava de longe, sentia orgulho em vê-la bem
arrumada. Ela estreou um sapato novo também, além de um vestido que mandara
fazer. Foi ainda com um laço vermelho enorme no alto da cabeça que iniciava uma
trança fake. Eu olhava e pensava, é esse o estilo de vida que quero que ela
tenha. Um estilo de vida que eu não aceitei, mas que eu sei que teria sido o
melhor. Educação é como nome, é escolha de seus pais, mas aquele que você
gostaria de ter, você só poderá dar aos seus filhos, nunca a si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário