sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Gostei e copiei.

Uma vez, em um bar, ela me disse: “Neste mundo existe pessoas inamoráveis, e eu sou uma delas”…
Aquilo me intrigou durante toda a noite, uma palavra fora do dicionário que ela usava para se descrever, e por que?
Observei-a enquanto ela, tímida, finalizava mais um copo de cerveja. Eu estava com ela havia quatro horas, quatro horas onde conversamos sobre filosofia, arte, astrologia, cinema e viagens… Quando ela se dirigia ao garçom o bar inteiro parava para vê-la… Tinha seu carro, sua casa e era do tipo que não dependia de ninguém, então por que pensar assim? Teria ela se fechado?
Ela fez uma cara de entediada e me chamou para caminhar enquanto fumava um cigarro, até a saída sorriu e comprimento todo mundo com aquele jeito sapeca de menina do mundo…
Aquilo tudo era muito pequeno e raso para ela, conclui.
Na rua todos passavam apressados, ela se divertia com os animais abandonados, abaixou e entregou sua garrafa de água pro morador da rua, explicou o endereço de uma balada em alemão para um estrangeiro perdido que agradeceu com um sorriso, comprou chicletes de uma criança.
E na minha cabeça só ecoava: inamorável.
Foram horas observando aquela garota, até não me aguentar e voltar no assunto… Eu queria entender melhor, eu queria uma definição como num dicionário. Então ela pegou minha mão e me puxou para um bar onde tocava uma banda de rock, ficou em silêncio por longos 30 minutos observando tudo até que disse:
– Olhe ao seu redor, estamos já a um tempo aqui. Durante esse tempo por nós passou uma garota chorando por que seu namorado terminou com ela ontem e hoje já está com outra, pois acredita que pessoas são substituíveis… naquela mesa tem 10 pessoas e elas não conversam entre si pois estão nos seus smartphones, talvez aquela garota de vermelho seja a mulher da vida do cara de azul, mas ele nunca saberá pois é orgulhoso demais para tentar.

Veja o rapaz de pólo no bar, é o terceiro copo de martini que ele toma olhando pra loira tentando chamar a atenção do vocalista que fingirá que ela não existe por causa da ruiva e da morena que ele pega em dias alternados, e ele não pode ficar mal perante as outras.
Olhe ao seu redor, não fazemos parte disso, não somos rasos, realmente não fazemos parte disso, entramos sem celular na mão, esperando encontrar pessoas legais, com papos legais, com relações reais e voltamos para casa sozinhos, somos invisíveis num mundo de status onde as pessoas não vão te querer por que você mora longe, ou por que não gostam da sua cor de cabelo ou por que você não curte os beatles, acontece tudo tão rápido que as pessoas estão com preguiça de fazer o mínimo de esforço para conhecer realmente alguém e tudo é medido em likes.
Eu passo por essa legião como um fantasma pois eles estão ocupados demais para ver quem está redor enquanto procuram alguém no tinder. E eu me importo? Não mais. Sou inamoravel por que não me importo com nada disso..
Nenhum desse status, não ,e importo em quanto tempo levo para conquistar a pessoa, se ela realmente vale a pena, não me importo se terei que atravessar a cidade para vê-la quando tiver saudades e não me importo se ela me presentear com um ingresso pra ir ver o show dos beatles por que é importante para ela mesmo eu detestando a banda. Por que eu sou assim, e se antes era o que procurávamos em alguém, hoje em dia somos considerados inamoraveis por manter o coração e a mente aberta.”
Naquele momento eu a entendi, e me apaixonei pelo mundo dela.

PS: Este texto me fez lembrar a pergunta do flanelinha quando saí da festa: Conseguiu beijar. Bem, não era aquilo o que eu procurava...

Uma menina

Fiquei impressionada com o sonho desta noite. Sonhei que tinha uma menina de um determinado rapaz. Me lembro de ter dito que tinha os olhos dele. No mais, era muito linda, e essa circunstância foi-me marcante. Era branca como uma boneca e os cabelos eram pretos. Eu parecia muito realizada com aquilo apesar de que, no mundo real, isso não teria um aboa aplicabilidade. O nome dela era Isabela. Me lembro de que ela fazia um cocô amarelo e eu limpava. Eu esperava que o pai a viesse visitar. Quando tento me lembrar do rosto dela, eu consigo perceber que parecia muito com ele.

  Ontem, fui para o karate, e apesar da minha impaciência para lutar, fiquei só assistindo ao treino. Sentada, fiquei imaginando coisas boas. Sempre tive essa "propriedade"(Dálleth, o elemento químico) de ilusionar, imaginar e de viajar horas nos meus devaneios. Desde criança, quando entrava no carro do meu padrasto, imaginava o carro com mil acessórios, imaginava cenas em que todos estavam em perigo e eu seria a heroína.
    Antes, me irritava por não conseguir realizar meus sonhos. Me sentia muito frustrada.Depois de um tempo, compreendi que as coisas que eu imagino, muitas vezes são utópicas, mas que sempre eu as vivo, de uma maneira ou de outra. Na minha imaginação, posso ter quem eu quero, fazer o que eu quero, ter muitas vidas, construir e destruir. Vi uma frase que dizia que os amores platônicos são os melhores, e acho que, desde aí, eu entendi o quanto é bom imaginar.
         Hoje, depois do sonho e da madrugada mal dormida, acordei com aquelas perguntas de Dálleth raposa. As mais diretas possíveis. Fiquei naquela de bloqueio, não bloqueio: vou me fazer de difícil. Se fazer de difícil, para mim, é algo incompreensível. Se eu QUERO, quero com tudo, com todos os defeitos, mas do contrário, pode vir banhado em ouro, vou continuar a não querer. Essas sutilezas femininas, escapam de mim, porque, eu apenas, não gosto de ser assim. Eu me sinto livre quando vou atrás, e me sinto amarrada se precisar dissimular. Eu sempre digo que se eu não for atrás, é porque não quero mais. Às vezes, até eu pensava que fosse uma fraqueza, mas hoje eu sei que é a forma mais segura de selecionar. Uma hora, ou em hora alguma, eu conseguirei encontrar o que eu quero, aquele que vai gostar realmente de mim, se deixará sufocar.
   Bem, chatices a parte, acordo a pessoa com essas minha inquietações. Sua resposta é rs, bom dia. A pessoa me desarma com um simples bom dia. Nesse instante parece que eu deixo a minha imaturidade e volto a ser uma pessoa racional. KKKK. Respondi: Bom dia, meu lindo. Já te acordo com minhas chatices. Bom trabalho, te adoro. E ele responde: também te adoro.
  Então, você que pretendia bloquear a pessoa por uma rebeldia sem motivo, decide ser uma menina gentil e agradável. kkkk

PS> Hoje ouvi que o certo você atrai, com o errado você se distrai. Vou me distraindo com os errados enquanto o certo não chega.

Diálogo com a raposa

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.

E eu não tenho necessidade de ti.

E tu não tens necessidade de mim.

Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Pablo Villaça

Hoje fui chamado de "machista" e acusado de querer "controlar o corpo das mulheres".
O motivo: me posicionei contra a ideia de adultos indo para a cama com adolescentes.
Atenção para a falta de especificidade de gêneros na frase anterior. Não me importa se é um homem adulto com uma adolescente ou uma mulher adulta com um adolescente; a simples ideia de uma pessoa de 30 anos ir para a cama com uma de 15 é algo que me soa profundamente errado.
E não se trata de moralismo, mas de uma questão que passa pelo desenvolvimento psicossexual humano. Na primeira metade da adolescência (dos 12 aos 15 anos, portanto), a maturação cognitiva e emocional do jovem ainda é precária, mesmo que seu desenvolvimento físico possa estar adiantado. Nesta fase do desenvolvimento cognitivo, em particular, os adolescentes se tornam profundamente preocupados com a opinião alheia e susceptíveis ao julgamento dos demais sobre sua aparência e comportamento. De um ponto de vista puramente físico, o sistema límbico, que poderia ser descrito como uma espécie de "centro emocional" do cérebro, está sendo bombardeado não só pelas novas experiências que o adolescente vive, mas também por hormônios - tudo isto numa fase em que o indivíduo está tentando definir a própria identidade.
O resultado óbvio: um jovem de 14, 15 anos pode até ter condições FÍSICAS de "seduzir", mas certamente não tem a maturidade psicológica/emocional para lidar com as consequências do que ocorrerá e provavelmente nem mesmo para compreender exatamente o que está fazendo.
E percebam que não estou sequer mencionando o fato de que as mulheres em nossa sociedade tendem a ser julgadas quando se mostram sexualmente ativas, o que torna o processo ainda mais problemático para as adolescentes. Quando uma mulher de 30 anos se envolve com um garoto de 15, a reação mais comum é a de dizer que este "se deu bem" - e também a de julgar sua parceira como uma predadora, uma ninfomaníaca, uma desajustada. Quando um homem de 30 se envolve com uma garota de 15, logo surgem vários para dizer que "ela sabia o que estava fazendo", que "há muita menina que sabe mais do que um adulto", que "ela o seduziu" e por aí afora.
Mas o mais perverso nesta situação é que é terrivelmente fácil para um adulto seduzir uma adolescente. E o mais perverso: levando-a a acreditar que é ELA quem o está seduzindo.
Não entendo, aliás, o que leva um adulto a querer se envolver com uma adolescente. (Ou uma adulta com um adolescente - repito: a questão aqui vale para qualquer gênero, embora as mulheres sejam julgadas com preconceito em ambos os casos, sendo mais velhas ou mais novas.) Suponho que seja uma profunda insegurança com relação às mulheres adultas, já que o sujeito parece estar procurando a idolatria de uma menina.
Seja como for, o fato é que vivemos num mundo que traz até LEIS que estimulam/facilitam a realização do desejo masculino enquanto tornam as mulheres vulneráveis a este. Não interessa se é "legal" ou não ir pra cama com uma menina de 14 anos; certamente é reprovável por não envolver consensualidade de fato - apenas a APARÊNCIA de uma, já que um dos participantes está em profunda desvantagem psicológica/emocional.
Isto é chave, portanto repetirei: é absurdo sugerir que há "consensualidade" entre desiguais. Voltem ao que mencionei no início, sobre o desenvolvimento do sistema límbico e a maturação cognitiva de um jovem de 15 anos, bem como sua busca por identidade. A consequência é óbvia: é fácil compelir alguém assim a se entregar a um adulto. Chamem de "validação" ou o que for, mas a questão é a mesma: o que parece ser voluntário, consensual, é na realidade um jogo de cartas marcadas em que o vencedor será aquele que tiver a experiência e a maturidade para manipular o outro. E na maioria absoluta dos casos, por uma questão lógica, este será o adulto.
E então surgirá alguém citando este ou aquele caso de envolvimento entre adulto e adolescente que resultou num grande amor eterno e perfeito. Em primeiro lugar, não estou discutindo casos específicos. Se deu certo, que maravilha. Não é a regra, contudo. Meu avô fumou a vida inteira e não teve câncer - e isto não significa nada.
Anedotas particulares não servem como evidências estatísticas; são apenas... anedotas.
Dito isso, não estou dizendo que adolescentes não devem fazer sexo. CLARO que devem. É assim que, adivinhem só?, irão amadurecer, adquirir experiências e se tornar adultos sexualmente funcionais. No entanto, justamente para que não tenham uma visão distorcida do sexo, do relacionamento entre casais (do mesmo sexo, de sexos diferentes, não importa) e da relação de poder que pode existir em relacionamentos disfuncionais, o ideal é que aprendam com pessoas da mesma faixa etária. Já sofrerão muito assim, já tomarão muita pancada e formarão cicatrizes sem que tenham tido que se envolver com um adulto que, sabe-se lá por quê, decidiu que um adolescente é a melhor opção a levar pra cama.
Assim, que façam sexo. Muito. Mas consensualmente. E, como já afirmei antes, só é possível haver consenso entre iguais.
Se não forem iguais, o que haverá é manipulação em maior ou menor grau.

Drummond

A moça estava deitada na grama.
Eu vi e achei lindo. Fiquei repetindo para meu deleite pessoal: “Moça deitada na grama. Deitada na grama. Na grama”. Pois o espetáculo me embevecia. Não é qualquer coisa que me embevece, a esta altura da vida. A moça, o estar deitada na grama, àquela hora da tarde, enquanto os carros passavam e cada ocupante ia ao seu compromisso, à sua alegria ou à sua amargura, a moça e sua posição me embeveceram.
Não tinha nada de exibicionista, era a própria descontração, o encontro do corpo com a tranqüilidade, fruída em estado de pureza. Quem quisesse reparar, reparasse; não estava ligando nem desafiando costumes nem nada. Simplesmente deitada na grama, olhos cerrados, mãos na testa, vestido azul, sapatos brancos, pulseira, dois anéis, elegante, composta. De pernas, mostrava o normal. Não era imagem erótica.
Dormia? Não. Pequenos movimentos indicavam que permanecia consciente, mas eram tão pequenos que se percebia seu bem-estar inalterável, sua intenção de continuar assim à sombra dos edifícios, no gramado.
Resolvi parar um pouco, encantado. Queria ver ainda por algum tempo a escultura da moça, plantada no parque como estátua de Henry Moore, uma estátua sem obrigação de ser imóvel. E que arfava docemente. Ah, o arfar da moça, que lhe erguia com leveza o busto, lembrando o sangue de circular nas artérias silenciosas, tão vivo; e tão calmo, como se também ele quisesse descansar na grama, curtir para sempre aquele instante de felicidade.
Eis se aproxima um guarda, inclina-se, toca no ombro da moça. De leve. Ela abre os olhos, sorri bem-disposta:
– Quer deitar também? Aproveita a tarde, tão gostosa.
Ele se mostra embaraçado, fala aos pedaços:
– Não, moça… me desculpe. É o seguinte. A senhora… quer fazer o favor de levantar?
– Levantar por quê? Está tão bom aqui.
– A senhora não pode ficar aí assim não. Levante, estou lhe pedindo.
– Por que hei de levantar? Minha posição é cômoda, eu estou bem aqui. Olhe ali adiante aquele homem, ele também está deitado na grama.
– Aquele homem é diferente, a senhora não percebe?
– Percebo que é homem, e daí? Homem pode, mulher não?
– Bom, poder ninguém pode, é proibido, mas sendo homem, além disso mindingo
– Ah, compreendo agora. Sendo homem e mindingo, tem direito a deitar no gramado, mas sendo mulher, tendo profissão liberal, pagando imposto de renda, predial, lixo, sindicato, etc., nada feito. É isso que o senhor quer dizer?
– Deus me livre, moça. Quem sou eu para dizer uma coisa dessas? Só que é a primeira vez, e eu tenho dez anos de serviço, que vejo uma dona como a senhora, bem-vestida, bem-apessoada, assim espichada na grama. Com a devida licença, achei que não ficava bem imitar os homens, os mindingos, que a gente tem pena e deixa por aí…
– Faça de conta que eu também sou mindinga – e a moça abriu para ele um sorriso especial.
– Para o bem da senhora, não convém se arriscar desse jeito.
– Eu acho que não estou me arriscando nada, pois tem o senhor aí me garantindo.
– Obrigado. Eu garanto até certo ponto, mas basta a gente virar as costas, vem aí um elemento e furta o seu reloginho, a sua bolsa, as suas coisas.
– Sei me defender, meu santo. Tenho o meu cursinho de caratê.
– Tá certo, mas não deve de facilitar. A senhora se levante, em nome da lei.
– Espere aí. Ou todos se levantam ou eu continuo deitada em nome da lei da igualdade.
– Essa lei eu não conheço, dona. Não posso conhecer todas as leis. Essa que a senhora fala, eu acho que não pegou.
– Mas deve pegar. É preciso que pegue, mais cedo ou mais tarde.
– Não vai levantar?
– Não.
Ele coçou a cabeça. Agarrar a moça era violência, ela ia reagir, juntava povo, criava caso. Afinal, não estava fazendo nada de imoral nem subversivo. Por outro lado, não pegava bem moça deitada na grama – ele devia ter na mente a idéia de moça vestida de gaze, aérea, meio arcanjo, nunca deitável no chão de grama, como qualquer vagabundo fedorento.
– A senhora não devia me fazer uma coisa dessas.
– Fazer o quê?
– Me expor nesta situação.
– Eu não fiz nada, estava numa boa oriental, o senhor chega e…
– É muito difícil lidar com mulheres, elas têm resposta para tudo.
– Vamos fazer uma coisa. O senhor faz que não me viu, vai andando, eu saio daqui a pouco. Só mais dez minutos, para não parecer que estou cedendo a um ato de força.
– Pode ficar o tempo que quiser – decidiu ele. – A senhora falou numa tal lei da igualdade, então vamos cumprir. Só que aquele malandro ali adiante tem de se mandar urgente, eu vou lá dar um susto nele, já gozou demais da lei da igualdade, agora chega!
Carlos Drummond de Andrade, Moça deitada na grama. Rio de Janeiro, Record, 1987. P. 9-12.

agosto de 2014

AS palavras de amor que nunca foram ditas....
Palavras de amor. Isso é tão lindo. Amor é um objeto imaterial, então acho importante deixar as marcar de desse tempo de felicidade e desse milk shake de sensações que chega a quase transbordar. Transbordar. Estou lendo um livro sobre transtorno border line. Me identifiquei com as características, mas ao ler a obra de autoria da Ana Beatriz Barbosa e Silva, percebi que tenho apenas traços. Isso é muito bom, porque ser um pouco border como eu sou já é uma suficiente tragédia, imagina ser uma border como nos casos descritos. Bem, é bom saber que o border distorce a realidade, porque assim, eu posso controlar um pouco meu mundo fantasioso de rejeição e ciúme. Depois parei para observar que eu supervalorizo o que considero rejeição e minorizo as atitudes de amor que as pessoas têm por mim. Deu para entender um pouco me vazio existencial e minha fluidez de personalidade. É incrível como eu já consegui ser uma super mãe "canceriana", e agora consigo ser uma relapsa mãe "ariana". A astrologia, mesmo sendo considerada pecado, pelo menos pela vertente de Iung, me traz uma ajuda para esse meu temperamento explosivo. Hoje eu sinto que eu me aceito bastante e me culpo bem menos por ser assim como eu sou. Na verdade, eu passei minha vida tentando me enquadrar em um perfil social que as pessoas me exigiam. Então eu descobri que eu gosto de ser assim, totalmente e eternamente criança. Que infelizmente eu nunca vou ser uma mãe perfeita e que a postura que eu tomo diante dos meus filhos é o que vai servir de referencial para eles. Mais tarde, escrevo mais.Vou ligar para a minha menina.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Andréssa Moreira, entro na escola e o tempo retrocede. Parece que escuto nossas risadas e sinto o nosso saudoso bem- estar. Poderia passar horas relendo aquela paisagem de corredores e campo imenso. As salas mudaram de lugar e as paredes não são mais desbotadas. Ai, como eu queria cinco minutos de passado, da nossa infância querida que o tempo não devolve. Você me remete aqueles anos, vezes sombrios, ora surpreendentes. Anos que não voltam. E nossas antigas professoras, o mesmo porteiro me dão o gostinho de passado. Não a toa escolhi ali para a minha filha. Eu sabia que algumas vezes, como Clarice Lispector em seu conto, ia deixar-me esquecer aquele lugar para repentinamente, encontrá-lo novamente e descobrí- lo em êxtase.

Virgindade

Quando eu era jovem, sonhei em casar virgem. Coisas de uma lua em câncer. Meus impulsos e meu ímpeto ariano, não me deixaram. Tenho algumas memórias na infância sobre abuso sexual. Mas, esse texto não é um melodrama, não combinaria comigo. Sempre digo, que um homem que quer uma virgem não merece ter uma. Ouvia do meu ex-marido que era para ter casado com uma virgem. Uma vez lhe respondi que eu não gostaria de ter me guardado para ele. Na hora da raiva, usei um vocabulário bem chulo. Minha ex-sogra disse uma vez que, se fosse um homem, não taparia buraco dos outros. Eu riu para não chorar com uma mediocridade dessas. Enfim, vejo homens referirem-se a deflorar uma mulher, como se tivessem adquirido um troféu. Mais um, depois, outro. E a mulher, só tem uma oportunidade de dar-se pela primeira vez a alguém e tornar-se apenas mais uma na coleção de um homem. Inevitavelmente, lembro-me da minha primeira vez, que se considerarmos o abuso, não fora primeira. O fato é que ocorreu com um namorado por quem eu não era tão apaixonada.Eu sentia muita curiosidade, e claro, a descoberta do corpo e de seus prazeres, é uma queda livre. A gente quase não consegue conter. Fora semanas para que aquilo acontecesse. E doeu. Foi no dia dos namorados quando, finalmente, relaxei para que aquela expectativa se consumasse. Guardei a calcinha suja de sangue e a camisinha do flamengo dentro de um ursinho. E guardei por muito tempo. Após anos pensando que talvez eu não sangraria, que meu hímen já tivesse sido rompido, aquele era meu troféu, meu momento mágico. Eu quis, eu escolhi. Sob a lógica da minha ex-sogra tenho a dizer que: o buraco era meu e de mais ninguém!
   Anos depois, uma namorado míope que costumava me denominar marrentinha, relatou a primeira vez de uma namorada. Ele disse que deixou ela ficar por cima para que ela controlasse a penetração. Porra! Que inveja que eu senti daquela garota! Nada poderia ser tão excitante. Toda mulher dominadora quer estar por cima. Eu queria ter estado por cima. Pensei: aquele filho da puta tirou meu cabaço e nem me deixou ficar por cima! Que ódio!!. Sugiro a todos: deixe a virgem por cima e ela lhe agradecerá eternamente por ter sido a dona da situação.
  O momento em que uma mulher ou uma mocinha vai perder sua honra, produz uma imensa tensão. A sensação é de total vulnerabilidade e deixá-la nesta posição é de fato, deixá-la por cima. É como se você tirasse-a da situação de vítima e desse a ela o poder de ser vilã. Sexo bom, meu filho, não é hora para vitimismo, é hora de vilania!
          Quase dois anos depois, a gente terminou o namoro. Eu me lembro de tê-lo dito que queria terminar, mas que não conseguia. Desde aí, eu já apresentava indícios de dependência emocional. Dias depois, telefonei  e ele foi ríspido. De imediato, pensei: não é mais meu. Comecei a encarar meu sofrimento como crise de abstinência e semanas depois, estava apaixonada por outro. Como disse uma amiga: meu trabalho é só colocar outro no lugar. Sempre penso que se alguém não quer minha atenção, dá-la-ei a quem queira, e assim, saio deslisando de patins no meu corredor sem cadeiras. Meses depois, ele chega no meu colégio, depois da aula, com um coração e uns chocolates, tentando reconciliação. Lembro de ter-lhe dito que aquele presente teria me feito muito feliz meses atrás, mas que agora, podia levá-lo de volta. O dom que nós humanos temos, de dar valor quando perdemos. Eu me surpreendo com minha força, ás vezes. Surpreender é qualidade dos fortes. Vou ao fundo do poço, pego impulso, volto com tudo e destruindo tudo, inclusive corações. Chego a ser cruel. Eu sei dar minha última gota de sangue por alguém, mas sei tirar a da pessoa depois. Mas, hilário foi quando ele me disse: eu fui seu primeiro homem. Respondi: mas não será o último. E não foi.
PS: Fui procurar uma fênix para a imagem do texto e me encantei por esta.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Quando você achou que a pessoa não existe na sua vida.

Hoje, pretendia escrever sobre virgindade, quem sabe daqui a pouco, mais tarde ou amanha...
Então, depois de um mês de férias, você acha que esqueceu completamente a pessoa, afinal, você já ama outro alguém, passou a noite triste por não tê-lo visto, e acordou pensando no outro. Você nem sabe quando Ele voltará, mas, ele acaba de chegar. A voz é familiar. Ele cumprimenta todo mundo. Como eu estou em uma sala reservada, passo despercebida, ou não. Nem sei. Então, penso: se ele quisesse me ver ou se tivesse sentido a minha falta, teria vindo aqui. Fico quietinha até que chega uma colega. Falo sobre assuntos do trabalho. Aí ele surge. Vem para o banheiro que tem na sala em que estou. Me olha de relance e me dá um sorriso. E eu sei que ele  veio fazer nada no banheiro.No instante do sorriso eu entendo que ele ainda está ali guardado em uma memória muito boa. Não sei direito o que eu sinto. Não consigo amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas a imagem dele, o sorriso e o olhar ainda trazem alegria e balões de aniversário para o meu dia. Aquele que era meu animus, a minha projeção, o homem que eu mais admirava no mundo, perdeu um pouco seu brilho. Agora eu admiro um homem muito forte. Afinal, ele fez a sua escolha, e a escolha não foi eu. A vida é um longo corredor, e como disse Adolfo, para uma ariana, é um corredor sem cadeiras para sentar. 

Aniversário da Marina e quem ganhou o presente foi eu. Preciso dizer: amo produtos personalizados e não há nada como um presente talhado em palavras. Clarice que me perdoe, mas, ganhar um texto é melhor que ganhar o Descobrimento do Mundo. Só quem ama palavras é capaz de compreender isto. Minha linda, você me surpreendeu!!! Não esqueça: Surpreendente é qualidade dos fortes, dos autênticos. Amo-te!!!

À Pesquisadora de emoções

Ela pediu para eu escrever, mas não sei como começar.
Começos são austeros, duros e pesarosos. Claro que depende do começo...
Desde o início de sua aparição em nossas vidas pesquisadoras, ela surgiu estranha, enigmática e misteriosa, nem sabíamos nós que estávamos diante de uma pessoa transparente, cristalina e quente, como as águas mornas do litoral sul de Pernambuco.
Praia? Ela não gosta de praia, mas isso eu só soube tempos depois, quando Ela fez questão de dormir no réveillon que passamos na praia. Dormiu o sono das espécies, como diria Adélia, minha musa religiosamente filosófica.
Voltemos a Ela, pois é uma personagem complexa, não é para ser descrita em econômicos três parágrafos. Tarefa difícil para uma lacônica literária como eu. Nelson Rodrigues estenderia o tapete para a icônica personagem. Romântica e realista, seria a personagem principal de um romance de Eça de Queiroz.
Como sou uma tímida ousada, escrevo, escreverei para Ela.
Confesso que estou buscando encontrar palavras bonitas e tocantes para descrevê-la, no entanto sinto-me como se estivesse andando na praia de manhã cedo e vendo todas aquelas conchas calmamente postas na areia, de várias cores e tamanhos, os olhos chegam a brilhar com tanto requinte da natureza. Todavia, não é permitido levar todas as conchas, é uma regra que os humanos não inventaram, mas que invisivelmente existe. Na praia é preciso ser solidário, é uma espécie de empatia que as ondas nos ensinam. Por isso, temo em escolher palavras comuns. Assim como as conchas grandes e de cores marcantes, procuro escolher palavras de efeito e fazer neologismos em homenagem a Ela que desde cedo já é.
Volvendo as gênesis. Nosso primeiro diálogo surgiu por iniciativa minha, perguntei se o seu nome era de origem francesa?
- Não. Respondeu duramente.
Pensou, coisa que não faz muito antes de falar, e respondeu que era de origem hebraica, sem interesse em prolongar a conversa.
Ela estava morna, recatada e casada. Lembro-me que fiquei surpresa ao ver sua data de nascimento no RG, sem acreditar na idade da dona da idade. Estava vazia de si e cheia de amor, mas amor demais envenena (se envenena não é amor!), e ela se envenenou tomando até a última gota daquele, que de amor só tinha o nome.
Fiquei curiosa para conhecer a vida daquela a quem chamavam de estranha. Os outros pesquisadores se aproveitaram desse meu mercúrio em escorpião e me incumbiram nessa empolgante missão. E para minha surpresa, entre coxinhas, pasteis e sukita uva, sim, sukita uva mesmo, fui conhecendo mais do que Ela estava disposta a me mostrar. Seu febril cansaço familiar não a impedia de falar, e verbalizava toda a sua indignação. Por outro lado, procrastinava seu amor próprio, numa claustrofóbica relação misógina, que por mais que tentasse preservar, aquela história não se encaixava nos valores que acreditava, e, assim, mesmo ausente de si, em momentos de lucidez chorava. Para alguns Ela é complicada, mas, na verdade, para os que não sabe eu vos digo: Ela é toda imperfeição literária, é essa imperfeição, quase transgressora, que fascina, assusta e conquista.
Especificamente naquele momento crucial de sua vida, percebi que Ela estava fechada, arredia e fragilizada. No entanto, não era assim que se sentia, acreditava que estava protegida, que tinha vencido uma batalha, conquistado o primeiro lugar no pódio daquele confuso coração. Infelizmente, ou felizmente, Ela estava equivocada. E foi preciso muitas lágrimas derramadas para formar um rio de libertação. Hoje, nesse rio, Ela se deleita com seu riso fácil e seu choro pouco controlável. Ela ama, sente, sofre, corre, conquista, tenta, perde, tenta de novo e, para minha alegria, é a minha Amiga.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Quando sua felicidade está ameaçada.

Minha TPM está colaborando, mas eu estou com mil motivos para esta tensão. Acho que eu nunca pude desfrutar de felicidade como a de três anos para cá. Minha vida inteira foi de tensão. Sempre tive válvulas de escape, que em geral, eram meus namorados, mas, no todo, eu vivi com paranoias e fiz um esforço sobrenatural para me livrar delas. Eu precisei ouvir hoje, daquele filho da puta, que eu não amadureci para ser mãe. Só Deus sabe a vontade que eu tive de responder-lhe, mas, se a água não pode carregar a pedra, desvia dela. Seja como a água. Uma vez ouvi isso de um amigo.. Sábias palavras. Você as escuta e, dois anos depois, você vai conseguindo aplicar a tese na sua vida.
Até os catorze anos, minha vida foi um caos. Não melhorou depois disso. Me lembro de brigas de grosserias, mas, eu tinha a minha escola, onde eu passava as tardes, tinha livros e bibliotecas. Lembro de uma casa em que eu tinha um quarto enorme com um balcão de pedra. Eu quase não precisava cruzar com minha mãe e lembro-me daquela estúpida colocando a louça no lixo porque a gente não lavou.Pegava livros para ler nas férias e os lia em cima do balcão. Criei coelho e sei lá mais o quê, ouvi música. Lembro de àguias da Déborah Blando. Eu tinha uns doze anos nessa época. Tinha um som, ouvia alto, minha melhor amiga era a Cíntia Carla. A gente chegou ao ponto de estudar matemática por telefone. Andressa também era minha amiga grude. Comecei a namorar o Christian, seis anos mais velho que eu. Tive que suportar a desconfiança e a falácia de cidade pequena que acreditava piamente que eu não era mais moça. Para uma moça, acredite, não há coisa pior. Bem, quando fui morar em Fortaleza, já namorava o Hamilton, o rapaz que me deflorou. Acho que no fundo, nunca perdoei ele por isso, ou, talvez, pela minha fraqueza. Era torturante ir para o culto e saber o que eu tinha feito. Por isto, fui me afastando da Igreja. Em Fortaleza, fui morar com minha tia. Por maravilhosa que ela seja hoje, naquela época era briga e mais briga. Era a conta de telefone, era o frango, era a comida, era o meu namorado, era a água gelada depois do café, e fui embora de lá, adivinha, por causa de uma briga, incitada pela minha mãe. A terceira tia que brigara feio comigo até ali e que minha mãe não me defendera, já que, eu tinha todos os motivos para ser repreendida. Ela nunca teve pulso para me domesticar e agradecia a qualquer um que o fizesse. Não teve tempo no mundo em que eu tenha sofrido tanto. Eu dormia na varanda do apartamento em um colchonete, porque, sendo aquele o lugar que ninguém queria, eu podia sentir que, naquele momento, ele seria só meu. Nesse tempo, terminei com o Hamilton, comecei com o Júlio, com o Ravel, com o Nenel, com o Júlio César. Minha amigona era a Eurides, que de certa forma, me protegia. Claro que ela me manipulava também, e hoje, eu sei que no fundo, talvez ela tivesse inveja e me usasse contra a minha tia na guerra patroa-empregada. Não gosto de lembrar desse tempo. Meu lugar naquele apartamento era um lado do guarda roupa que eu arrumava e desarrumava para arrumar o que estava bagunçado dentro de mim. Foi o tempo em que eu fiz amizade com a Karine e a casa dela se tornou meu melhor lugar do mundo. Aquela casa enorme e cheia de gente, a atenção da mãe dela, sempre tinha comida na mesa, sempre alguém para conversar. Então, fui morar em um apartamento no andar de cima ao da minha tia com o meu irmão. E era briga. Era briga por causa do paninho do armário, por causa do quarto, por causa da minha bagunça e por causa de tudo. Achando pouco a tragédia que era minha vida, conheci o Thiago, meu ex marido em uma história que parecia um belo romance, mas que na verdade, era mais uma tragédia realista do Eça, daquelas tipo incesto, pecado contra o celibato, sabe, foi um romance com um misogino.
 Quatro anos negros na minha vida de gritos insuportáveis, de hostilidade e de coisas, que a Dálleth normal não aceitaria. A Dálleth agressiva passou indefesa, apática, inerte. Meu eu estava em suspensão. Estava em algum lugar que eu não conseguia recuperar.
  Os três melhores anos foram os que eu tive os problemas que quis, ouvi o silêncio, deixei tudo bagunçado. Ver minha bagunça é o meu primeiro sinal de liberdade. Eu chego em casa e sei que a casa é minha porque eu a deixei como quis. E aí, me vem os problemas. Eu tive que ouvir daquele cretino irresponsável, dele, que nem paga a pensão da primogênita, que nunca cuidou dela, que eu não amadureci. Porque ele espera que eu vire uma dona de casa, já que para o padrão misógeno dele, eu não mereço crescer. Eu deveria estar em casa cuidando dos meninos, porque eu sou mãe, e ser ser pai para ele, é o que ele é para a Kayline. E meu filho de cinco anos, diz que ele é o melhor pai do mundo. Se eu tenho que ficar em casa porque sou mulher, então porque ele não me sustenta e não sustenta os filhos dele, já que ele é homem. Eu passei cinco minutos ouvindo sermão daquele filho de puta. E ele ainda reclamou dos convites de aniversário que eu fiz para a Marina. Porque eu comprei e não tenho o direito de fazer como eu quero. Eu tinha que ter feito como ele queria.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Felicidade gratuita

Essa postagem é para minha amiga , Nayane, porque eu sei que ela não tem mais paciência para minhas aventuras amorosas. Talvez ela deixe de sofrer o meu sofrimento, quando ela entender comigo que essas pequenas frustrações e e esses efêmeros romances são-me natos.
Ontem, foi um dia de fazer uma loucura. Digo loucura, porque uma pessoa sensata não teria feito: sair de casa só para ver alguém. Claro que dancei muito. Já estava lá. Mas, eu tinha que fazer aquilo. Tinha que seguir meu impulso mesmo que isso me custasse sei lá o quê. Podia ser um descaso, poderia ser uma desatenção.  Sabe, minha vida  tem que ter o brilho, a emoção, aquilo o que a paixão nos tem a oferecer.
 Ontem, eu  ratifiquei uma teoria que eu já analisara. Sexo é a última coisa que uma mulher espera de um romance, se não  todas as mulheres, mas, certamente, eu.
Depois de aquele furacão de terminar tudo e com toda razão,  falei com ele e ele me respondeu. Me disse que iria  trabalhar de bombeiro em uma balada. Eu quis tanto ir para lá ver ele. E fui. Porque ser eu é isto: querer fazer e imediatamente fazer. Independentemente de qualquer coisa, eu queria sentir o prazer de vê-lo sob a ótica cor-de rosa do romance. Romance é uma palavra linda. Rolo, fica, esquema é tão depreciativo. A palavra romance parece que tem um jardim ao redor. E nessa doce ginástica, eu quis, ir lá, porque há dias eu não o via, não ouvia sua voz, não via seu sorriso e aquele olhar que me desmonta. Claro, que eu perguntei se eu poderia ir, e ele disse que sim. Só isso, já foi alegria. Alegria. Outra palavra linda. Eu vejo balões de aniversário quando vejo essa palavra. Alegria, eu senti quando vi aquele olhar vibrante para mim. Sabe aquele brilho que só o olhar de quem gosta tem?  Aquela porra de olhar  que me destrói. E a noite foi assim, regada de olhares, sorrisos e cochichos decentes e indecentes.  Ciúmes também, claro. Sempre os meus ciúmes. Até cantada eu levei na frente dele, mas eu nunca vou saber se provocou alguma coisa nele. E a festa acabou, sem nenhum beijo, mas, eu a desfrutei em um perto-longe de quem eu quis.... Eu o vi quantas vezes desejei, e ouvi sua voz e vi seus olhares me procurando e correspondi aos seus sorrisos de deleite pela minha presença. Aqueles sorrisos que me diziam que ele sabia o porquê de eu estar ali.  Eis as loucuras que o amor , a paixão ou seja lá o quê nos induz a fazer. As muitas loucuras que só os românticos fazem, os prazeres simples que só os romances nos dão.
 Uma amiga me disse que seria bom se eu tivesse terminado a noite na cama com ele. Ela não compreende os desejos de um coração apaixonado. Ela não entende a felicidade gratuita dos sorrisos e dos olhares. Esses gestos gratuitos são o muito, são melhores que qualquer orgasmo. O sol raiou  feliz por causa da minha felicidade singela da madrugada.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Então é terça feira...

Terça-feira é dia de sushi. Parece simples, parece uma comida simples, mas não é. O sushi é aquele momento especial na semana em que eu saio comigo mesma. Saio de bicicleta, desço a Júlio Cavalcante como se nada mais no mundo me importasse, cabelo ao vento e uma sensação de bem-estar, de satisfação, de dever cumprido e de auto-suficiência.
Mas, em outros dias se pode comer sushi. Terça também é dia de karatê, e ontem, terça-feira, eu fui, antes que a novela acabasse, porque há dias eu não ía e eu precisava passar meia hora me alongando na bola de Pilates antes que o treino começasse. Por pura intuição, sabia que ele não iria dar aula, mas estava me importando muito pouco com isso. Me poupou o esforço que teria que fazer para fingir que ele não existia. Apesar de eu ter prometido a mim mesma que não iria assistir aula do Bred, acabei ficando, porque já estava lá, e depois de lá, eu ía comer sushi.
Assim que cheguei, um colega de peixes (eles percebem tudo) me viu e perguntou se eu estava bem. Eu ri. É absolutamente normal alguém me perguntar isto quando estou quieta. Ele acrescentou: ou está mal, ou está muito relaxada. Bem, esse acréscimo me fez ter a certeza de que eu não estava com uma cara ruim, talvez meu semblante seja incompreensível nessas horas.
Lembrei-me  de quando eu estudava no Evolutivo, na turma Especial do Terceiro ano. Havia um professor de nome Eduardo que ensinava História da antiguidade. Não precisava ser um bom professor de história para que eu admirasse, bastava para isso, apenas, que fosse professor de história. A voz dele era muito imponente. Lembro-me bem do dia em que ele me chamou a atenção, porque, claro, eu estava conversando. A sala inteira riu, por ter tomado um susto e eu, quis chorar.
Bem, o que ocorreu foi que, um belo dia, eu estava arrasada. Sentei em um canto da sala, próximo ao quadro branco de pincel e fiquei observando todo mundo, porque nessas horas, preciso parar, ficar bem quieta para que os búfalos loucos que existem dentro de mim não pisoteiem a minha alma. O professor aproximou-se com uma cara de quem já estava pronto para me levar de ambulância para o hospital mais próximo, o IJF, neste caso, e me perguntou se eu estava bem. Aquilo me comoveu. Apenas respondi que estava pensando. As pessoas sabem que o fato de eu estar pensando é grave, é gravíssimo, não por eu pensar, mas por eu deixar que as pessoas percebam que eu sou capaz disso. Eu penso e penso muito, acho até que tenho síndrome do pensamento acelerado (preciso ler a esse respeito), mas, eu sou tão acelerada que penso e faço, tudo ao mesmo tempo. Se estou dado aula reclamam porque falo rápido demais, se faço kata é correndo, e me irrito com aquela lentidão, das outras pessoas, perco até a concentração e erro a sequencia inteira.
            Bom, faltou aquele energia, aqueles olhares de incentivo e de admiração.Faltou aquela devoção feminina de aluna, e tirando essas descrições que soam apaixonadas, mas que não são,  é evidente que existe e sempre existiu uma energia boa que flui de um lado a outro e que fazem com que os treinos e as terças feiras sejam envolventes e cheias de energia. Uma amiga me disse que é química.
    Depois de meia hora de treino sem química, eu já estava ansiando pelo sushi, e saiba, às vezes eu rezo para o treino não acabar. Fiquei pensando como seriam enfadonhos os próximos treinos. Decidi cortar a unha e dar um tempo, sabe. Nem tanto para ele, mas um tempo para mim. Quinta, quem sabe, talvez eu sinta vontade, pode ser que eu me decepcione por ele não estar lá e sinta vontade de vir embora. Talvez, não pelos olhares dele, mas, talvez pela química.
  Na ´da para o Sushi, peguei a Perimetral e pedalei, envolta nos meus pensamentos, ora cheios, ora vazios, e me irritei com os atletas que não respeitam a ciclovia, que não nos dão espaço, que não entenderam o que é uma ciclovia. Acabei indo para o asfalto, porque, como bem sabe aqueles que me conhecem, eu não tenho paciência nem para esperar o hot ficar pronto. A espera destrói meu apetite e eu queria comer sushi com todo desejo que me fosse possível já que eu preciso me conformar em não satisfazer outros tantos.  Comi sushi com uma cerveja. Cerveja às vezes é necessária para aliviar as emoçoes. Nessa ginástica de conter búfalos e aliviar emoções, vou, agora, comer um chocolate porque a gente precisa, todos os dias de doces e de ilusões e de álcool e de alguma outra química.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O que a gente ganha no amor...

Certo dia, encontrei um ex, entre tantos ex, eu o vi na calçada do Banco do Brasil com um sorriso de quem viu a estrela da manhã. Chata que sou, fui bloqueada do zap e do face, porque, vez ou outra eu fechava com a cara dele em público. hahahah. Não há nada melhor que arrasar com um ex amor. Essa necessidade sádica da mulher rejeitada. Sem recalques, estou bem mais feliz sem ele, mas ninguém gosta de fora. Ele era aquele feinho, que sempre soltava uma cantada que me deixava constrangida. Um libriano (safadeza libriana) com a lua em áries. Eu sempre ouvia a cantada e pensava: um doidim desse, ow minino sem graça e fei!!! Pois é, por isso que eu falo: distribua fora. Metade dos meus envolvimentos e fracassos amorosos são com esses doidins... O cara que não te chama atenção em nada, que vc não nutre a menor atração, mas que você dá um chance porque quer ser mimada por qualquer pateta que seja, e depois, gata que você se apega... Ele te bloqueia. Bem, o motivo do bloqueio não foi exatamente um fora, na verdade, foi devido às várias sádicas vinganças que eu investi contra a criatura, porque, depois que o encanto acaba, só outro. O velho ditado diz: ingratidão tira a afeição. E eu repito, eles consideram uma ex ficante bem mais que uma ficante.
   E lá estava ele com aquele belo sorriso, e apesar do fora (por ele não ter resolvido namorar) e depois das várias tentativas frustradas de ficar comigo depois( e me querer fazer de esquema, claro), lá estava ele feliz por me ver, como quem acaba de ver a luz do dia. Não demorou muito a começar a falar da fulana que ele está quase namorando para que eu me sentisse péssima por não ter conseguido ser a namorada. Nessa hora, cabe bem aquela resposta usual e merecida: Você está namorando até ela descobrir, é? Mas, não. Aquele momento de sorriso satisfeito, de de nostalgia pelo que passou, compensa qualquer tentativa de provocação. Nessa hora eu penso: Gato, já estou com outro!!! Mas, não digo. Aproveito a nostalgia que sobrou do nosso amor.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sobre os ficas, os rolos e os devidos foras....

Um dia, um namorado (porque eu não era a namorada dele, mas ele era o meu, e eles sempre são) me perguntou qual era o defeito dele. Eu falei uns dois ou três, mas omiti o referente a ser mão de vaca. Então, óbvio, perguntei sobre os meus. Claro que mandona, marrenta, voluntariosa e mimada são meus defeitos, mas para ele, talvez, fossem grandes qualidades. Então, ele falou: Seu maior defeito é ser sufocante. Claro que eu já sabia, grande coisa, né, ele deveria ter dito algo que eu já não soubesse. Na verdade, quando um homem ou moleque, ou seja lá o que for, me fala isso, primeiro, quero chorar, depois, é claro, quero esfolar ele vivo!! Mas, enfim. Senti essas duas grandes vontades em um espaço de dois segundos e depois, me recompus. Em seguida,  ele me disse: aliás, vou me corrigir: Quando você encontrar alguém que realmente goste de você,ele vai se deixar sufocar. Mais dois segundos pensando e respondi: É por esse aí que eu estou esperando. Dito isto, a gente percebe duas lógicas: primeira: se eu estou sufocando alguém, de alguma forma, estou sobrando para ela, e se a pessoa se sente sufocada, então ela não gosta de mim realmente, e o que a gente faz quando alguém não gosta de nós? A gente manda se lascar!!!! Claro né!!! Não precisa ser Freud e nem trabalhar na Nasa para concluir isso. É tão óbvio, né? Não para quem gosta. Não para quem gosta.
 Bem, há mais uma coisa: Eu tenho crises de insegurança e ansiedade. Eu sempre achei que meus relacionamentos acabavam por isso. As amigas dizem: Se você não desse atenção, se você não ligasse e blá, bla´, blá. E eles dizem: não gosto de mulheres que pegam no pé. Tá, mas eu conheço um monte de homem que têm namoradas chatíssimas (inclusive, sou expert em ser chata) e eles não as deixam especificamente por isso, na verdade, depois que acaba, eles até sentem falta. Por esta razão, eu sempre me culpei por ser assim como eu sou. Chata.
 Depois, compreendi que não é a ansiedade que acaba meus relacionamentos, ao contrário: Eu fico ansiosa justamente porque eles nem existem. kkkkkk  E as amigas ficam naquela : deixa rolar. Deixa rolar quer dizer: deixe ele te comer até ele arranjar outra para chamar de namorada e passar com ela na sua frente. Aí, você fica de otária, de coadjuvante ou de figurante do romance alheio. Sério. Eu não tenho vocação para ser caso de ninguém, e de liso, menos ainda!!!! Quando o cara quer te namorar, ele não espera por nada.
    Por esta razão, decidi, hoje,
acabar um romance. Acho que fiz da forma mais digna e tenho que ser franca, estou me sentindo bem. Ainda ouvi aquela "você está levado muito a sério". Porra! Pára de colocar a culpa em mim. Não sou eu quem está levando a sério, é você quem está me levando a pagode e eu não estou a fim de ser seu caso, Morou? Eu prefiro ficar sozinha, porque eu sou muito feliz assim, e todo mundo constrói a falsa ideia de que é preciso estar com alguém. Não é, sabe.
Eu sempre levo a sério. Se você estiver dois minutos comigo, vale aquela frase de Vinícius: Infinito enquanto dure, e eu faço desses dois minutos, minutos infinitos!!!E pode ter certeza: eu estou com você porque eu gosto de você e não porque eu não tenha outras opções. Se o cara não entende o valor que isso tem : FODA-se!!!
                  Depois, minha tia me disse uma coisa que eu sempre defendi, mas que nunca ninguém me deu razão : porque eu posso atender a ligação do cara, mas eu não posso ligar. Tipo: eu estou à disposição dele, mas ele não está à minha. Queria dizer que eu eu não quero estar a disposição de ninguém, apenas porque eu não sou um bibelô de estante!!! E tipo: eu quero que você me atenda porque eu quero falar!!! Entendeu a lógica?
Pois é, quando minha tia me falou sobre essa premissa, eu estava há dois dias sem ligar para a criatura, e ele também não me ligou, e ela acrescentou: O cara só liga para a fulana quando quer se satisfazer. Aí eu pensei: Vou resolver isso agora!!! Ou é ou não é : se eu não deixo de ser ficante e passo a ser namorada, a gente vira amigo, mas seu caso, meu amigo, vai ser outra.
Mais uma coisa que aprendi: Homens consideram mais uma amiga do que uma ficante. Consideram até mais uma ex ficante do que uma ficante, porque, segundo o safadão: Uma mulher nunca esquece um homem que teve, mas um homem nunca esquece uma mulher que não pode ter. Minha gente, é muito bom ser inesquecível. Um conselho: Distribua foras. Se você não está a fim do cara. Não tente. Aquele cara desinteressante que você não está a fim vai fazer tudo para te conquistar, e adivinha quem será a sem graça depois!!! Você. Experiência própria: Não tenha pena de dar um fora!!! Por bonzinho que ele seja, quando você estiver apaixonada e ele perder o interesse, ele vai mostrar suas mensagens apaixonadas em uma roda de amigo sem dó nem piedade. Aí, amiga, tu vai me acompanhar no clube das otárias!!!
 Porque eu sou assim: ou sou oito ou sou oitenta, quem quiser quarenta, está com a pessoa errada e eu também vou estar, por tabela!!!